Os hábitos de consumo sofreram algumas mudanças e o cliente corporativo seguiu essa tendência. Segundo esses analistas, 2015 será um ano de ajustes para o Brasil com expectativa de que o país decole, definitivamente, a partir de 2016. Assim a ABRACORP vislumbra um ano que se exigirá muita competência para gerir os negócios, com um cuidado maior nos custos. Em viagens corporativas gerir negócios significa boas parcerias que visem uma relação de médio e longo prazo. A volatilidade de tarifas flexíveis exige sistemas cada vez mais complexos. Processos mais sustentáveis, econômica e socialmente. A iminente crise hídrica e, possivelmente, elétrica também, no país, mostra um pouco como pensamos e agimos no curto prazo e os efeitos danosos disso. Agir de forma sustentável em nosso dia a dia, nas empresas e nos negócios, será uma demanda lógica e sem alternativa. Mas tudo isso terá um custo. Investir hoje para preservar o nosso amanhã. Uma folha de papel reciclado tem, hoje, um custo maior de produção de que uma folha não reciclada. Por quê? Uma das principais razões é que não temos a escalabilidade de produção. Assim por diante, seguimos em várias frentes, onde, muitas vezes, supomos que usar recursos reciclados é sermos mais barato. Reciclar, no curto prazo, é custoso, mas trará efeitos bastante benéficos no médio e longo prazo. É isso que nós, enquanto pessoas e empresas, temos que entender e fazer em nosso dia a dia.
As expectativas são para um primeiro semestre bastante rígido, em função da implantação dos ajustes econômicos, seguindo para um segundo semestre mais focado com as empresas se preparando para uma alavancagem em 2016. O segmento internacional, notadamente no trecho Brasil/Estados Unidos deverá apresentar uma demanda maior.
Na Abracorp, 38% das viagens internacionais em 2014 tiveram os Estados Unidos como principal destino. Uma parceria estratégica com a Lerosa Investimentos permitirá, a partir de agora, que as análises da nossa entidade, possam contemplar o cenário dos indicadores econômicos, para que possamos avaliar, com um pouco mais de clareza, as incertezas do futuro.
Os ajustes propostos focam a poupança e o investimento em infraestrutura como bases de crescimento. Reduções nos preços do petróleo poderão permitir uma melhor gestão de custos às cias aéreas e, por conseguinte, foco na ampliação de oportunidades para o mercado consumidor, tanto para o segmento doméstico como para o internacional. Fator positivo para que ocorra um incremento das viagens internacionais são as boas perspectivas de melhora da economia mundial, liderada pelos Estados Unidos. A crescente abertura do mercado chinês propicia relações bilaterais com ótimas oportunidades. Afinal, são mais de 1,3 bilhão de potenciais consumidores e sua necessidade de experimentar coisas novas oferece uma espetacular oportunidade para que o Brasil possa crescer no cenário do turismo internacional. Para isso é necessário investir na capacitação das pessoas e na qualidade da infraestrutura. Nosso PIB é formado, ainda, por uma maioria esmagadora de produção de bens primários (sem valor agregado). Inserir a geração de serviços (com valor agregado) como base para o PIB é, ainda, um sonho utópico, para quem pensa, tanto, no curto prazo.
Não obstante, os custos sobem. Nas TMC´s (travel management companies), o impacto começa na mão de obra, com aumento salarial na ordem de 7,5% (dissídio coletivo), além dos constantes investimentos em tecnologia da informação (leia-se segurança da informação). Informação pouco difundida são os constantes ataques de hackers e consequentes prejuízos, dos quais as agências de viagens são vítimas, nesse marketplace virtual da internet. Não bastasse isso, um mercado onde o prazo de pagamento torna-se, cada vez mais, o carrasco das agências de viagens. As transações faturadas na hotelaria chegam a quase 70%, exigindo capital de giro cada vez mais caro diante das elevadas taxas de juros. Nesse sentido, o setor de eventos é um dos mais críticos. Impor prazos de faturamento superiores a 30, 60 ou 90 dias fragilizam as relações e é indecente num país cuja taxa de juros é a segunda mais alta do mundo. Ou poderá existir uma fonte de recursos mais barata para subsidiar esse desencaixe no fluxo de caixa ?
Acreditamos que em 2015, alguns setores poderão ter melhores oportunidades para passar por essa onda recessiva, dentre elas destacamos:
Alimentos e Bebidas
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Abertura de novos mercados externos (Rússia, Arábia Saudita e Leste Europeu).
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Menor pressão de custo (preços de commodities baixos) e melhores condições cambiais.
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Investimentos em logística devem melhorar e custo de transporte e armazenamento.
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O Brasil é visto pela FAO como a fronteira com maior potencial de fornecimento de proteína animal nas próximas décadas.
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A manutenção da renda e do emprego no mercado interno não deve fazer com que o consumo caia, apesar da inflação ainda elevada.
Transportes
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Logística é principal entrave para redução do custo Brasil e será alvo de investimentos (PPP´s)
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Ferrovias e Portos terão projetos maturados
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Dólar elevado dará prioridade na aquisição de equipamentos nacionais
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Aeronaves: demanda externa garantia com pedidos confirmados para 2015.
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Incentivos para aviação regional (subsídios de 50% dos assentos )
Indústria do petróleo
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Segundo a ANP, a perspectivas de investimento no Brasil no período de 2014-2017 serão de R$ 488 bilhões (cerca de US$ 50 bi por ano)
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Os investimentos serão direcionados a indústria naval (plataformas, sondas, barcos de apoio), equipamentos submarinos e P&D e Inovação.
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A participação do segmento de petróleo e gás natural passou de 3% em 2000 para 12% atualmente, segundo dados da Petrobras.
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Já o IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo) estima que nos próximos oito anos possa corresponder a 20% do PIB nacional
Calçados
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Exportações devem crescer cerca de 20%, com ênfase na Europa e Oriente Médio.
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Se Europa conseguir melhorar taxa de crescimento para, pelo menos 1,5%, exportações do setor podem crescer acima de 25%.
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Em 2013 foram produzidos cerca de 900 milhões de pares (R$ 26,8 bilhões em valores de produção), exportando 122 milhões de pares e gerando US$ 1,1 bilhão com as exportações (Abicalçados).
Papel e celulosa
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Apresenta o melhor custo do mundo, devido a condições climáticas, com bom posicionamento em função do fechamento de fábricas no Velho Mundo.
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Demanda continua a crescer no mundo, com potencial na Ásia (em especial China), além do aumento do preço da celulose no mercado mundial (FOEX)
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Em 2013 totalizou R$ 56 bilhões de receita bruta, representando 5,5% do PIB Industrial, segundo Bracelpa. O setor correspondeu em outubro a 3,65% das exportações brasileiras (US$ 669 milhões no mês e US$ 6,072 bi no acumulado do ano), acima dos 2,87% de out/13.
Educação
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O ciclo de consumo de bens duráveis e semiduráveis está chegando perto da saturação.
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A nova classe média busca agora capacitação e passa mais tempo, investindo mais em educação.
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Eventos relativos a esse tema ganham destaque com maior intercambio entre os centros de pesquisa (interno e externo)
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Considerando todos os níveis de ensino, o Brasil investiu 6,1% do PIB em educação em 2011. De acordo com o PNE, até 2024 este valor aumentará para 10%
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Portanto, em períodos de ajustes, é natural que determinados setores sejam mais cautelosos, porém é fato que oportunidades surgem em outros. O Brasil, país com um PIB de U$ 2,1 trilhão, hoje a oitava economia do mundo, tem tamanho e competência para produzir, gerando riquezas e oportunidades, com ética, transparência e muito trabalho.
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Em 2015 o setor do turismo, como tem ocorrido com diversos outros, poderá vivenciar momentos de consolidação, com aquisições e fusões. A escalabilidade no negócio é um dos fatores preponderantes para a longevidade das empresas, nos dias de hoje.
Até nosso próximo encontro.